"Decifra-me ou te devoro."
A frase derradeira não era acompanhada, ao contrário do que conta o mito grego, de uma pueril charada infantil.
O enigma da Esfinge é, na verdade, indecifrável.
Não somente para os humanos, mas para o universo inteiro, para além do cosmos e do caos.
Tão indecifrável é o mistério que até mesmo a própria Esfinge, incapaz de decifrar-se, consome-se vorazmente e, alimentando-se de si mesma, sente-se cada vez mais faminta enquanto, ambiguamente, sente-se cada vez mais saciada e, misteriosamente, cresce a cada pedaço de si devorado.
Perguntas recorrentes sobre autofagia da Esfinge, como a sua origem, as suas proporções e os seus incontáveis e impossíveis paradoxos, são questões que a própria Esfinge também não sabe responder e a faz continuar, com ainda mais vontade e desespero, devorar-se.
Mal qual é, afinal, o grande enigma indecifrável da Esfinge?
É a própria Esfinge.
2 comentários:
O homem constrói o mito, onde o mito cria o homem. Cria-se um Deus...
disse tudo no final.
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