Até então, tudo lhe era incrivelmente previsível.
O Sol nasce de cá, a Terra gira para lá, uma árvore cai aqui e uma bomba, acolá.
Nada lhe era completamente novo.
Foi quando, ainda jovem, partiu de sua cidade e enterrou seus sonhos, para que ninguém os roubasse.
Partiu, acreditando que o mundo era uma grande máquina movida por mais de seis bilhões de engrenagens igualmente previsíveis.
Ele, assim como todas as outras partes mecânicas daquele mundo, possuia um coração que batia, previsivelmente, repetitivamente e, por que não, cansativamente, em 4/4.
Foi então que foi pego de surpresa.
Aquela série de eventos aleatórios ocorridos pouco antes de sua jornada havia alterado seu funcionamento, sem que ele percebesse.
Ainda podia ouvir aquela pulsação em 4/4, mas percebeu que seus pés dançavam uma valsa sobre um chão de vidro.
Não podia determinar ao certo desde quando, nem como e muito menos o porquê, mas já era tarde.
Aquele estranho paradoxo ternário já havia começado, sem que ele pudesse prever o final daquela valsa.
Tudo o que ele podia fazer era esperar, e deixar que aqueles pulsos entrassem em sincronia, sem se preocupar com o resultado das tangentes daquela poliritmia.
Assim sendo, que comecem as estações.