sábado, 29 de agosto de 2009

O Labirinto


Mas como é que eu vim parar aqui?
Porra, de novo, de novo nesse lugar.
Desculpe, devo ter me perdido. O que? Ah, não, não, isso acontece com uma certa frequência, sabe como é né, uma idéia puxa a outra e no final, todas as idéias interessantes ficam em algum lugar que eu já nem me lembro mais.
Mas então, poderia me ajudar? Eu queria achar o caminho de volta. Eu ia escrever alguma outra coisa bem mais interessante que não esta daqui, mas comecei a viajar na maionese e, quando me dei conta, vim parar aqui.
Obrigado, muito gentil de sua parte. É só seguir por aqui, certo?

Mas como é que eu vim parar aqui?
Porra, de novo, de novo nesse lugar.
Desculpe, devo ter me perdido. O que? Ah, não, não, isso acontece com uma certa frequência, sabe como é né, uma idéia puxa a outra e no final, todas as idéias interessantes ficam em algum lugar que eu já nem me lembro mais.
Mas então, poderia me ajudar? Eu queria achar o caminho de volta. Eu ia escrever alguma outra coisa bem mais interessante que não esta daqui, mas comecei a viajar na maionese e, quando me dei conta, vim parar aqui.


Mas como é que eu vim parar aqui?
Porra, de novo, de novo nesse lugar.
Desculpe, devo ter me perdido. O que? Ah, não, não, isso acontece com uma certa frequência, sabe como é né, uma idéia puxa a outra e no final, todas as idéias interessantes ficam em algum lugar que eu já nem me lembro mais.
Mas então, poderia me ajudar? Eu queria achar o caminho de volta. Eu ia escrever alguma outra coisa bem mais interessante que não esta daqui, mas comecei a viajar na maionese e, quando me dei conta, vim parar aqui.


Mas como é que eu vim parar aqui?
Porra, de novo, de novo nesse lugar.
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Mas então, poderia me ajudar? Eu queria achar o caminho de volta. Eu ia escrever alguma outra coisa bem mais interessante que não esta daqui, mas comecei a viajar na maionese e, quando me dei conta, vim parar aqui.
Obrigado, muito gentil de sua parte. É só seguir por aqui, certo?

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Porra, de novo, de novo nesse lugar.
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Mas então, poderia me ajudar? Eu queria achar o caminho de volta. Eu ia escrever alguma outra coisa bem mais interessante que não esta daqui, mas comecei a viajar na maionese e, quando me dei conta, vim parar aqui.


Mas como é que eu vim parar aqui?
Porra, de novo, de novo nesse lugar.
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Mas então, poderia me ajudar? Eu queria achar o caminho de volta. Eu ia escrever alguma outra coisa bem mais interessante que não esta daqui, mas comecei a viajar na maionese e, quando me dei conta, vim parar aqui.
Obrigado, muito gentil de sua parte. É só seguir por aqui, certo?

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Porra, de novo, de novo nesse lugar.
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Mas como é que eu vim parar aqui?
Porra, de novo, de novo nesse lugar.
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Porra, de novo, de novo nesse lugar.
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Mas como é que eu vim parar aqui?
Porra, de novo, de novo nesse lugar.
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etc


sábado, 22 de agosto de 2009

Cenotáfio



Eis
um post

em homenagem
às idéias que morreram
anônimas ou que foram esquecidas
antes de conseguirem chegar aqui neste blog



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Tortura literária para homens

*copiado do capítulo 130 do Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar


Riscos do fecho-éclair

O British Medical Journal informa sobre uma nova classe de acidente que as crianças podem sofrer. O mencionado acidente é provocado pelo uso do fecho-éclair em lugar de botões na braguilha das calças (escreve o nosso correspondente de medicina).
O risco consiste que o prepúcio fique preso pelo fecho. Já se registraram dois casos. Em ambos, foi preciso praticar a circuncisão para libertar o menino.
O acidente tem mais probabilidade de ocorrer quando a criança vai sozinha ao banheiro. Ao procurar ajudá-la, os pais podem piorar a situação, puxando o fecho no sentido contrário, por engano, pois o menino não se encontra em condições de explicar se o acidente se produziu ao puxar o fecho para cima ou para baixo. Se o menino já foi circuncidado, o dano pode ser muito mais grave.
O médico sugere que, cortando a parte inferior do fecho, com alicate ou tesoura, as duas metades podem ser facilmente separadas, Mas será necessário praticar uma anestesia local para retirar a parte incrustada na pele.




ouch



quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pequenos incômodos do dia a dia - incômodo 2


Moro num país tropical, numa cidade de clima indefinível, num prédio de um bairro desta cidade que, assim como outros prédios, tem garagem no subsolo.
Com alguma frequência, desço de elevador para a garagem e ele pára no térreo, porque algum outro morador que deseja subir chamou o elevador quando eu estava descendo.
Sempre que isto acontece, o cidadão abre a porta do elevador, olha para mim, aguarda um momento para se certificar de que eu não vou descer no andar térreo em que ele se encontra e pergunta educadamente: "está descendo?" e eu respondo obviamente afirmativamente, e então a pessoa cordialmente solta a primeira porta que se fecha sozinha e esta aciona o fechamento da porta do elevador que, somente quando fechado novamente, continua sua jornada ao subsolo.
É claro, eu também por vezes sou o tal cidadão acima. Mas o fato é que todo este ritual me incomoda e eu, quando sou o condomino que se encontra no térreo, se vejo que o elevador está descendo, não aperto o botão, já que certamente ele está rumo à garagem, pois se ele fosse parar no térreo, o botão estaria aceso.
É claro, eu também por vezes aperto o botão por costume ou por distração. Mas o fato é que quando o elevador pára no térreo, eu entro mesmo sabendo que ele vai descer. Isto me poupa o trabalho de abrir a porta duas vezes e consequentemente me poupa o tempo de esperar as duas portas se fecharem duas vezes.
É claro, as pessoas que se encontram no elevador, ao me verem entrar, me avisam com solidariedade que o elevador está descendo, porque por algum motivo elas acham que não percebi e que prefiro esperar mais tempo no térreo e fazer todo o ritual das portas duplas.
O mais engraçado é que quando respondo que não há problema, que não me incomodo de passear um pouquinho de elevador, elas sorriem e acham que sou um cara bacana, daí fico sem graça de dizer que na verdade é uma questão de evitar paradas desnecessárias porque o elevador terá necessariamente de descer para depois subir novamente e sorrio hipocritamente de volta.
O lado bom é que um ou dois andares, do térreo ao primeiro ou segundo subsolo, não é o suficiente para precisar falar com os moradores deste prédio deste bairro sobre o clima indefinível desta cidade deste país tropical.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Notas do fim de dezembro


"Far from home, elephant gun"

Tempos a frente. 
O que mais se ouve no momento é que se sofre com a crise, mas as pessoas aqui parecem não sofrer.
Elas também vivem, mas parecem não viver.
Tudo aqui é tão correto que é desumano.
A artificialidade onipresente permeia tudo, desde os legumes no supermercado até o modo de agir das pessoas-máquinas. 
Enfim, cá estou, nesta cidade costurada com fios de eletricidade que desenham uma teia que aprisiona o tempo.
As horas e os dias parecem passar mais lentamente, sem pressa nenhuma para chegar ao amanhã que será igual o dia de hoje.
Programas de auditório, repetição sistemática de operações, não memória. Às vezes tenho um mal estar mental, tenho a sensação de estar na Invenção de Morel.
O ar frio do inverno parece aumentar minha solidão e melancolia, que permanece sem razão em mim.
Pelo menos sem um razão tangível.
O que sei é que se felicidade fosse ter, aqui seria o paraíso.
Mas aqui falta ser.
As pessoas são tão padronizadas e alienadas que parecem se diferenciar como dois carros iguais se diferenciam pelas placas.
Não há questionamento para nada.
Aqui, a vida parece fazer menos sentido.
Não que faça algum, mas aqui isto parece estar evidenciado.
Quando se preenche o vazio existencial com bens materiais, a vida também vira uma mercadoria, e para tudo o preço parece importar mais que os valores, distorcidos e corrompidos.
Extingue-se as necessidades básicas de sobrevivência e transforma-se as necessidades de vivência em um espetáculo ou num produto.
Falta-me algo.
Tudo aqui é belo (esteticamente), mas não é poético.