segunda-feira, 28 de maio de 2007

Sobre a desobediência civil

Infelizmente a mobilização política dos estudantes da USP e a greve de docentes, alunos e professores continuam sendo tratadas de maneira leviana pela mídia, cuja cobertura não discute criticamente o que de fato está em jogo com os decretos do governador Serra e seus efeitos, ou seja, o desmonte da universidade pública e a cisão entre pesquisa e ensino.

Diante das manifestações de membros da comunidade acadêmica, inclusive de cientistas sociais, desqualificando a estratégia de desobediência civil e ação direta adotada pelos estudantes da Universidade de São Paulo que ocuparam a reitoria, gostaríamos de chamar atenção para alguns pontos.

Os críticos da ocupação enquanto estratégia argumentam que ela fere não apenas o princípio da legalidade,como também a civilidade e o diálogo e que, portanto, trata-se apenas de uma ação violenta, autoritária e criminosa.
As instituições civilizadas que esses críticos defendem, do voto universal para cargos legislativos até os direitos trabalhistas e as leis de proteção ambiental foram frutos de ações diretas, não mediadas pelas instituições democrático-liberais: foram fruto de greves (num momento em que eram ilegais), de ocupações de fábricas, de bloqueios de ruas.
Não é possível defender o valor civilizatório destas conquistas que criaram pequenos bolsões de decência num sistema econômico e político injusto e degradante e esquecer das estratégias utilizadas para conquistá-las.
Ou será que tais ações só passam a ser meritórias depois de
assimiladas pela ordem dominante e quando já são consideradas inócuas?

As ações diretas que desobedecem o poder político não são um mero uso de força por aqueles que não detêm o poder, mas um uso que aspira mais legitimidade que as ações daqueles que controlam os meios legais de violência.
Talvez fosse o caso de lembrar, mesmo para os cientistas sociais, que nossas instituições democrático-liberais são instrumentos de um poder que aspira o monopólio do uso legítimo da violência.
Há assim, na desobediência civil, uma disputa de legitimidade entre a ação legal daqueles que controlam a violência do poder do estado e a ação daqueles que fazem uso da desobediência reivindicando uma maior justiça dos propósitos.

Os críticos da ocupação da reitoria, em especial aqueles que partilham do mesmo propósito (a defesa da autonomia universitária), podem questionar se a ocupação está conquistando, por meio da sua estratégia, legitimidade junto à comunidade acadêmica e à sociedade civil.
Esse é um dilema que todos que escolhem este tipo de estratégia de luta têm que enfrentar e que os ocupantes estão enfrentando.
Mas desqualificar a desobediência civil e a ação direta em nome da legalidade e da civilidade das instituições é desaprender o que a história ensinou.

Seria necessário também lembrar que mesmo do ponto de vista da legalidade, nossas instituições não vão tão bem?
Independente de como a ocupação da reitoria termine, ela já conseguiu seu propósito principal: fomentar a discussão sobre a autonomia universitária numa comunidade acadêmica que permaneceu apática por meses às agressões do governo estadual e que só acordou com o rompimento da ordem.


quarta-feira, 23 de maio de 2007

Diferenças

Em um cemitério, um homem, que foi deixar flores para seus antepassados, viu uma senhora oriental deixando uma tigela de arroz sobre um túmulo.
Achou aquilo muito estranho e não se conteve.
- Desculpe-me senhora, mas quando é que o seu morto vem aqui comer arroz?
Ela ouviu e calmamente respondeu:
- No mesmo dia em que o seu vier cheirar as flores.

domingo, 20 de maio de 2007

Net-art ou Web-art?

Um imenso universo a explorar:

wwwwwwwww.jodi.org
www.absurd.org
www.easylife.org/desktop
www.c3.hu/collection/form
www.snarg.net

divirtam-se.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Mimadinho

Criada como príncipe sem princípios
Mimada criança com complexo de Ares
M
aquinocrata maniqueísta maquiavélico
Cleptomaníaco rei dos sete mares

O mundo não é seu tabuleiro
As flores do vizinho não são do seu quintal
Seus aviões não são de brinquedo
Seus desejos e palavras tem poder letal

Pare de achar que tudo é um jogo
Que seus soldadinhos de plástico
são
Para de roubar doces e dizer que foi um ogro
O Leão de Fajullah nunca será de estimação

segunda-feira, 14 de maio de 2007

The Dark Side of the Internet

Ainda bem que somos todos bem adestrados.
Digo isso porque descobri o quão incrível é a facilidade de obtenção de informações pela internet.
Não que eu não soubesse, e não que você também não soubesse, mas eu quis provar.
Ontem eu digitei no Google: "how to make" e as sugestões que apareceram me impressionaram.
Entre "how to make sushi", "how to make hard boiled eggs", e outras coisas que não vem ao caso, apareceu "how to make bombs".
Fui além e digitei apenas uma inicial.
Em "d" o Google sugeriu "how to make drugs", em "c", "how to make cocaine" e "how to make crack" e em "e", "how to make ecstasy".
Qualquer pessoa com acesso à internet pode se tornar um Macgyver.
Em sites de videos, é possível aprender a fabricar bombas caseiras em garrafas, bombas de fumaça usando bolinhas de ping-pong, destravar cadeados e outras coisas mil.
Qualquer pessoa com acesso à internet pode se tornar um terrorista de primeira.
Existem sites que ensinam a fazer virus, como invadir um computador, como fazer cartas bombas, como extorquir cartões de crédito e outras coisas mil.
Lógico que há sugestões no mínimo estúpidas que aparecem como "how to make friends", "how to kiss", "how to be emo", "how to be anorexic", "how to be cool", "how to be funny" e etc.
Mas se existem pessoas frustradas o suficientes para entrar nesses sites, imagine então o número de pessoas que não buscam informações nocivas para os outros.
Não digo que deveria haver uma censura, além de ir contra a liberdade de expressão, seria inútil, afinal, quem quer qualquer informação consegue de um jeito ou de outro, mas pelo menos deveria ter um filtro ou no mínimo tirar as sugestões do Google.
O verdadeiro problema aqui é que a internet ensina, mas não educa.
E quem é que educa?

domingo, 13 de maio de 2007

Fight Club

Se você está lendo esse aviso, então isso é para você.
Cada palavra lida deste texto inútil é um segundo perdido da sua vida.
Você não tem mais nada para fazer?
Sua vida é tão vazia que você não consegue vivê-la melhor?
Ou você está tão impressionado com a autoridade que você respeita todos aqueles que a exercem em você?
Você lê tudo o que deveria?
Pensa tudo o que deveria?
Compra tudo o que lhe dizem para comprar?
Saia do seu apartamento.
Pare de comprar tanto e de se masturbar tanto.
Peça demissão.

Comece a brigar.
Prove que você está vivo.
Se você não fizer valer pelo seu lado humano, você se tornará apenas mais um número nas estatísticas.
Eu vejo aqui as pessoas mais fortes e inteligentes.
Vejo todo esse potencial desperdiçado.
A propaganda põe a gente pra correr atrás de carros e roupas.
Trabalhar em empregos que odiamos para comprar merdas inúteis que nunca precisamos.
Desperdiçar nossas vidas estressados para dar dinheiro às multinacionais que já cagam dinheiro há muito tempo.
Somos uma geração sem peso na história.
Sem propósito ou lugar.
Nós não temos uma Guerra Mundial.
Nós não temos uma Grande Depressão.
Nossa Guerra é a espiritual.
Nossa Depressão são nossas vidas.
Fomos criados pela tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock.
Mas não somos.
E mesmo se fossemos, seria realmente importante?
Aos poucos tomamos consciência do fato.
E ficamos muito, muito putos.
Você não é o seu emprego.
Nem quanto ganha ou quanto dinheiro tem no banco.
Nem o carro que dirige.
Nem o que tem dentro da sua carteira.
Nem a porra do uniforme que veste.
Você é a merda ambulante do mundo que faz tudo para chamar a atenção.
Nós não somos especiais.
Nós não somos uma beleza única.
Nós somos da mesma matéria orgônica podre, como todo mundo.
Mude isso.
Já se perguntou por que você deve ficar rico?
Já se perguntou se seus sonhos são realmente seus?
Já se perguntou se sua vida é realmente sua?
Já se perguntou por que sua vida deve ser assim?
Já se perguntou o quão é necessário o que você consome?
Já se perguntou o que realmente é a felicidade?
Liberte-se.
Ou continue e seja mais um número nas estatísticas.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Incoerentes

Todos reclamam da política no Brasil.
Pena que ninguém se lembra em quem votou nas eleições passadas, só em quem votou no paredão do Big Brother.
Virou moda falar em meio ambiente.
Mas ninguém recicla o lixo, caminha ou usa bicicleta ao invés do carro nem economiza nada. Parece que todos querem voltar à natureza, mas ninguém quer ir a pé.
Ninguém é racista, mas todos fecham o vidro do carro rapidinho se aparece um negro.
Reclamam da falta de honestidade dos outros,mas subornam o guarda para não tomar multa.
Muita gente prega igualdade.
Mas ninguém quer abrir mão de nada, se o MST invade as terras do vovô, eles têm de morrer, capitalismo e consumismo são legais e não têm tempo para ajudar fazendo trabalho voluntário em comunidades carentes.
Aliás, ninguém tem tempo para nada também.
Afinal, metade do tempo livre é para encaminhar correntes, power points, entrar no orkut para entrar em comunidades do tipo "Eu tenho orkut, e daí?" e escrever falsos elogios em longos e inúteis testimonais. Afinal, hipocrisia é o que há de melhor.
Imagine, então, ter tempo para ler livros.
Pfff, tempo para ler é sagrado para Veja, Caras e Mangás. Sem contar a "leitura" da Playboy, que é a única coisa que certas pessoas "lêem".
Se eu leio um livro e recomendo, eu sou chamado de "Intelectualzinho", assim, pejorativamente.
Por falar em "intelectualzinho", até mesmo escrever certo virou coisa de idiota.
Questionamentos filosóficos, então, é coisa de alienígenas.
E esse bando de filisteus?
O conhecimento que têm do significado dessa palavra é o mesmo que eles têm de arte.
Se recomendam um livro é mais um maldito auto-ajuda, Paulo Coelho ou Harry Potter.
Não é a toa que os Best-Sellers são coisas do gênero "10 segredos das pessoas felizes", "Como manipular seus empregados" e etc.
Bom, e são esses mesmos filisteus anti-intelectuaizinhos que vão ser os ricos que mandarão no mundo.
Hum, há um tempo tenho desconfiado de que as pessoas acham que se alguém ficou rico, junto com os zeros na conta do banco, o intelecto dela aumentou também.
Ora ora, conheço gente da FEA e da POLI que vota no Maluf.
Ricos, entraram na USP, portanto "inteligentes", e votam no Maluf.
Hahahahahahahaha!!! Inteligentes!!! hahhahahahahaha!!!!

terça-feira, 8 de maio de 2007

Mitologia

Prometeu criou os homens e lhes deu o fogo
Castigado pelos deuses e esquecido pelos filhos
Homens criaram teorias e foram dados ao fogo
Abriram a caixa de Pandora e construiram trilhos

Vivem como arqueiros cegos
Hércules tetraplégicos
Velhos sem histórias para contar
Guerreiros sem batalhas para se lembrar

Rezar não os salva da realidade
Nem os traz a imortalidade do Olimpo
Semideuses e vermes no reino de Hades
Bacanais, guerras, orgias e ritos

O heroísmo pode trazer o castigo no monte Cáucaso
Revoluções e palavras podem criar um mito
A sorte pode criar lendas como Lázaro
Eu quero apenas a gloriosa morte de Ícaro

domingo, 6 de maio de 2007

Veja, que idiota

Hoje, pouco antes de sair, resolvi dar uma olhada na revista Veja.
Particularmente, não sou um leito assíduo da revista por acreditar em uma certa ideologia que entra em conflito com a visão política dos redatores de Veja.
Recebo, porém, semanalmente a revista em minha casa, pois minha família, infelizmente, tem assinatura.
Bom, isso não vem ao caso.
Acabo, às vezes, me irritando quando leio alguns artigos, colunas como de Diego Mainardi, etc.
Pessoalmente, acho que a revista é tendenciosa, conservadora e elitista, na parte de cultura geralmente não aparece muita coisa boa, tem muitas fofocas e muitas vezes denuncia escândalos por interesse.
O escândalo do mensalão, por exemplo, apareceu alguns meses antes na Carta Capital, mas só a apareceu na Globo e na Veja depois, sabe se lá seus motivos para tal atitude.
Acredito que todos devam ter liberdade de expressão, mas acho maquiavélico uma revista com a tiragem de Veja colocar a visão política deles como a correta de forma sutil, para mim é quase uma lavagem cerebral.
Dizer que o MST é do mal ou que programas sociais é populismo, por exemplo.
Me irritava, mas nunca me irritou tanto quanto hoje.
Dessa vez eles forçaram a barra legal...

"O MR-8, cujo nome faz referência à data da morte de um dos mais frios assassinos da história, o argentino Ernesto "Che" Guevara"


"Uma publicação de igual circulação que pregasse a violência da mesma forma que o panfleto do MR-8 o faz mereceria um anúncio se fosse, digamos, propagandista do nazismo?"

Che Guevara foi o maior psicopata da história da humanidade, mas os presidentes dos EUA não, aliás, muito pelo contrário.
Hora do Povo é um jornal nazista, mas a Veja é neutra, dona da verdade e ainda por cima é vítima.

Ora, vá ser reacionária assim na puta que te pariu.

Isso (não) é design!


Caralho, como esse logo foi aceito, ainda mais para um centro pediátrico?!
Ou em Arlington eles tratam as crianças dessa maneira ou eu tenho a mente poluída.
Só pode ser.



Foto que todo mundo recebe em algum e-mail engraçadinho

Nada é para sempre


Às vezes
O mundo está às avessas
O sorriso, por um fio
A paciência é uma lenda
A vida, um vulcão
Heróis são de areia
Castelos são de cartas
O chão é de vidro
O tempo é como o mar
O medo é como o ar
Os sonhos são velas ao vento
O acaso é o melhor amigo
Os sábios são tolos
Os santos, pecadores
A inocência se prostitui
A pureza se vicia
As máscaras revelam
Os inimigos estendem a mão
A solidão é abrigo
O passado renasce
A felicidade morre

Mas nada é para sempre

Um dia
As chamas se apagam
A tristeza sorri
A felicidade acorda
O caos descansa
A paz toma o poder
A esperança tem herdeiros
A depressão se suicida
O orgulho se desculpa
A preguiça tira férias
A teimosia amadurece

Feridas dóem, mas o tempo as cura
Tempos difíceis declaram guerra,
Mas uma dia seus soldados se cansarão
Problemas são selvagens,
Mas um dia se amansarão
Um dia até mesmo o Sol se apagará
Mas nem por isso ele deixa de nascer todas as manhãs


primeira foto que achei no google

sábado, 5 de maio de 2007

O Tempo


Sobre mim, pensamentos cobrem o sol e anunciam tempestade
Sob mim, a Terra em sua rotineira caminhada
Em mim, o tempo passeia
No asilo dos anos que ficaram velhos
Velhos que reclamam dizendo que o mundo não presta
A saudade se vangloria de seus áureos tempos
Se orgulha de histórias que não contou
De façanhas que Deus duvida
Romances mal escritos são carcomidos
Pelas cinzas de amores trítonos
Lembranças ganham mais sabor envelhecendo na adega
E o porão vai se enchendo de brinquedos antigos
Fotos, nomes, cacarecos e nostalgia
A chuva que faz enchentes é a mesma que faz brotar
Mas há um lugar em que o tempo se esquece de passar
A criança que aqui mora
Observa a chuva em pé lá fora
Espera ela ir se deitar
Vai se sujar na lama
Ver o céu nas poças de pensamentos
Ouvir o verde dos grilos
Respirar o orvalho da grama molhada



foto de Chema Madoz

Indústria Cultural

A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente.

Os valores humanos são deixados de lado em troca do interesse econômico.

O que passou a reger a sociedade foi a lei do mercado, e com isso, quem conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida, talvez, conseguiria sobreviver; aquele que não conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida ficava a mercê dos dias e do tempo, isto é, seria jogado à margem da sociedade.

Nessa corrida pelo ter, nasce o individualismo, que é o fruto de toda essa Indústria Cultural.

Tudo se torna negócio.

Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais.

Um exemplo disso é o cinema.

O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação.

Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja, o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.

O homem não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto.

O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho.

Ganha um coração-máquina.

Tudo que ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia dominante.

A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica esclarecida, prepara as mentes para um esquematismo que é oferecido pela indústria da cultura – que aparece para os seus usuários como um “conselho de quem entende”.

O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher.

É a lógica do clichê.

Esquemas prontos que podem ser empregados indiscriminadamente só tendo como única condição a aplicação ao fim a que se destinam.

Nada escapa a voracidade da Indústria Cultural.

Toda vida torna-se replicante.





Texto adaptado de "Indústria cultural e sociedade"
de Theodor Adorno

Bob Esponja Brasileiro


É rir pra não chorar



Foto que todo mundo recebe no e-mail

Sabedoria


- E depois? Que pretende fazer com toda essa sabedoria?
- Se eu algum dia adquirir sabedoria, creio que serei então sábio para saber o quer fazer com ela.



trecho retirado do livro "o fio da navalha"

foto retirada do site do fotógrafo Chema Madoz

Por Trás da Máscara


Sentimentos cobertos pela hipocrisia
Uma lágrima perdida na chuva
Um anjo com suas asas presas
Pelas correntes dos dogmas
Silenciosos gritos contra a sociedade
Tentando matar a dor
Pensamos ser diferentes
Mas nossa essência é igual

Escondendo o amor
Debaixo das cicatrizes de um coração amargurado
Somos prisioneiros de nós mesmos
Trancados em milhões de máscaras
Escondendo as lágrimas
Por trás do orgulho de ser alguém que não somos
Somos garrafas cheias de mentiras
Trincando a verdade
Quebrando a liberdade

O passado parece longínquo
Mas o vivemos todos os dias
O futuro segue as pegadas
Dos mesmos erros antigos
Sonhamos que nossos sonhos serão realizados
Mas temos medo de mudar a nós mesmos
Sempre vivendo o dia de ontem amanhã

Quem tem olhos em terra de cego
Prefere andar de olhos vendados?
Quando a esperança morre
A liberdade vira prisioneira?
Por trás das máscaras
Você sabe quem você é?
Debaixo da hipocrisia
Você sabe o que quer?

quinta-feira, 3 de maio de 2007

The Real Number of the Beast

6.500.000.000.000 de pessoas no mundo.
211.500 nascem por dia.
Nos próximos 25 anos nascerão mais 2.000.000.000 de pessoas.
Desse total, cerca de 93% nascerão em países em desenvolvimento, vêm para um mundo onde, atualmente...

  • 30.000.000.000 de dólares são gastos numa única estação espacial e recursos muito superiores na pesquisa de vida em outros planetas, enquanto bilhões de seres humanos continuavam agonizando na mais absoluta miséria, em condições de insalubridade e de fome aqui na Terra.
  • 20% da população mundial detêm 82,7% das riquezas, enquanto os 20% mais pobres vivem mergulhados na miséria.
  • O hemisfério norte consome 70% da energia mundial, 75% dos metais, 85% da madeira e 60% dos alimentos.
  • A renda média nos países mais ricos é 37 vezes maior do que a renda média nos países mais pobres. E essa diferença duplicou nos últimos 40 anos.
  • Nos países ricos, menos de 5% das crianças menores de 5 anos estão mal nutridas.
  • Nos países mais pobres, 50% das crianças têm algum problema de saúde por não comer o suficiente.
  • 800.000.000 de pessoas desnutridas no mundo.
  • 11.000 crianças morrem de fome a cada dia.
  • 1.300.000.000 de pessoas no mundo não dispõe de água potável.
  • 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso.
  • 1 a cada 7 pessoas morre de fome no mundo.
  • 1 criança morre a cada 7 segundos de fome no mundo.
  • 300.000.000 de adultos são obesos no mundo.
  • 1 litro de óleo combustível usado pode contaminar 1.000.000 de litros de água.
  • 1.000.000.000 pessoas no mundo vivem com menos de 1 dólar por dia no mundo.
  • 2.700.000.000 pessoas lutam para sobreviver com menos de 2 dólares por dia.
  • 114.000.000 crianças não recebem instrução sequer ao nível básico no mundo.
  • 2.600.000.000 pessoas carecem de saneamento básico no mundo.
  • 584.000.000 mulheres são analfabetas.
  • Mais de 6.000 pessoas morrem diariamente por doenças provenientes de água não-potável.
  • Em São Paulo, cada habitante utiliza 250 litros de água diariamente.
  • 32.555 mortes registradas por ano no Brasil por armas de fogo.
  • A poluição na capital paulista provoca 9 mortes por dia.
  • 42.000 pessoas morrem por ano vítimas de acidente de trânsito no Brasil.
  • O ativo dos 3 homens mais ricos do mundo juntos excede o PNB dos 48 países mais pobres do mundo no seu conjunto.
  • A cidade de São Paulo produz mais de 12.000 toneladas de lixo por dia, com este lixo, numa semana, dá para encher um estádio para 80.000 pessoas.
  • Somente 37% do papel de escritório é realmente reciclado, o resto é queimado.
  • Atualmente, a produção anual de lixo em todo o planeta é de aproximadamente 400.000.000 de toneladas.
  • Na Índia morrem todo ano 2.000 de pessoas pela poluição atmosférica. A “Nuvem Marrom Asiática” tem 3 km de espessura.
  • Apenas 1% do óleo consumido no mundo é reciclado.
  • Os problemas ambientais são responsáveis por 25% das mortes anuais no mundo.
  • Existem mais de 800.000.000 carros em todo mundo.
  • 6.000 pessoas morrem por dia de AIDS.
  • 8.200 pessoas são infectadas com AIDS, a cada dia.
  • Só na África há 40.000.000 de órfãos em consequência da AIDS.
  • 1.000.000 crianças morrem por ano, vítimas de malária.
  • Mais de 50% dos africanos sofrem de doenças relacionadas à qualidade da água, como cólera e diarréia infantil..
  • 4 em cada 10 pessoas no mundo carecem de acesso a uma simples latrina.
  • Em média, um canadense utiliza 6 vezes mais água por dia do que um indiano e 30 vezes mais do que um habitante de uma zona rural do Quênia.
  • Maus-tratos matam 16 crianças por dia no Brasil.
  • 80.000 crianças morrem por ano em todo o mundo vítimas de negligência, agressões, abusos e exploração.
  • Cerca de 5.000.000 de crianças e adolescentes com menos de 15 anos trabalham atualmente no Brasil.
  • 75% das crianças agredidas dentro de casa tem menos de 10 anos de idade.
  • 5 imigrantes africanos morrem por dia ao tentar chegar à Europa.
  • Mais de 75.000 pessoas morrem todos os anos por causa do álcool
  • Só na Inglaterra e no País de Gales, 167 mulheres são estupradas por dia.
  • 10% das mulheres no mundo são alvo de estupro.
  • Os 5 maiores vendedores de armas do mundo são EUA, Inglaterra, Rússia, França e China, membros permanentes do conselho de segurança da ONU.
  • A incursão na paranóia nuclear custou ao mundo perto de 4.000.000.000 de dólares em investimentos a "serviço" da humanidade.
  • Apenas 50 anos foram suficientes para uma devastação de mais de 50% das florestas tropicais na América do Sul e em pouco mais de um século, de mais de 70% das florestas do planeta.
  • Enquanto a vida na Terra se manifesta há 3.500.000.000 de anos, em menos de 100 o homem fez toda essa cagada.
  • Apenas 1% do DNA humano difere do DNA dos macacos.


"Somente 2 coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana, mas eu não estou tão certo quando a primeira." (Albert Einstein)

Gloriosa

Trancafiada em seu sanatório
Uma única perturbada
Suas múltiplas quimeras
Perpetuamente presas em si
Envenenam a mãe Gaia

A escritora cega
Suas gananciosas mãos
Escrevem errado em tortas linhas

A pobre esquizofrênica que conversa sozinha
Relata incessantemente as lembranças
Em sua falha memória perdidas

A psicopata menina
Sua pútrida imaginação
Inventa contos em seu livro da morte
Abstrai a verdade e diviniza mentiras
Em seu livro eternamente inacabado
Páginas repetidas
Escritas com a tinta escarlate da veia dos inocentes

Tecendo um Labirinto


Perdido eternamente
Em seu infinito particular
Em seu labirinto sem saída

Costurava um tecido disforme
Talvez remendos em farrapos
Uma camisa de força talvez

Emendava fios que arrebentavam
Emaranhava novelos de linhagens
Com confusos carretéis
Dava nós cegos na linha do tempo

A fresta da agulha é estreita demais
A agulha de chumbo que transcende
O pretérito imperfeito
Eras que eram um presente
Futuro que um dia entrará para a história

Quando tudo estiver por um fio
Quando a ponta da linha do raciocínio se perder
Quando a camisa de força rasgar
Ou mesmo quando a agulha se trincar
O fio de Ariadne para mais nada há de adiantar




imagem - A persistência da Memória de Salvador Dalí

Buraco


Os cegos estão a jogar baralho
Inventaram um jogo absurdo para quem vê
Tão absurdo que alguns preferem vendar os olhos e comprar cartas

Facilidades foram criadas
Comodidades foram construídas
Soluções foram feitas
Para resolver problemas que não existiam antes de sua invenção

Reis e rainhas de ouros
Engaiolados em seus castelos de cartas
Em suas canastras blindadas de luxo

Crianças de espadas
Indeterminadamente de castigo
Elas soltaram a mão da infância
Antes de atravessarem a rua correndo

Políticos cara de paus no topo do baralho
Trocam cartas debaixo da mesa
Usam todos seus coringas para ganhar a partida

Mendigos de copas
Que esperam sair do buraco
Sabendo que no final voltarão
Para a mesma caixa que todas as outras cartas

Pessoas apostam a vida jogando paciência
Sabendo que a esperança é a última carta do baralho
Mas que o jogo acaba antes mesmo de começar



foto retirada de algum site aí que não me lembro...

Software Livre Wannabe


sentimentos industrializados
sabor artificial de tutti-frutti diet
sorrisos coloridos artificialmente
relacionamentos com gordura-trans

casamentos com prazo de validade
sexo em eterna promoção
prazer em mil prestações
só comece a pagar depois do carnaval

todas as palavras são recicláveis
todas as palavras são desperdiçadas
vendem-se palavras que poluem
onde enterro todo esse lixo nuclear?

em mentes baldias e estéreis
em mentes que mentem em enganosas propagandas
em mentes que fazem backup do passado
em mentes sem anti-virus nem firewall

suas digitais são seu serial number
seus conceitos estão desatualizados
suas idéias são pirateadas
só o seu pecado é original

mundo virtuoso de sexo e amigos virtuais
minhas virtudes saíram de moda
ser kitsch é ser xique
ser burro é ser pop
ser bunda é ser vip

caro bug habitante desta versão beta
formate sua mente e acredite em tudo
compre livros de auto-ajuda
limpe sua bunda com este poema

Existência


Pelo fino vidro das janelas, entra o brilho opaco da cinzenta aurora, que invade os incômodos cômodos sem vida da antiga casa de repouso e chega aos olhos vestidos pela catarata de uma residente.
Olhos opacos e sem vida que fitam o infinito.
Sua pele se mostra vincada e manchada pelo tempo, e suas costas, curvadas pelo peso de todos anos empilhados.
Sentada numa velha cadeira de rodas de frente para o jardim sem flores, no limiar entre o salão e o quintal, permanece imóvel, em silêncio, num estado catatônico.
Todos os outros idosos estão no salão principal, assistindo à televisão, tricotando, lendo ou contando memórias de uma época lendária.
Só ela permanece ali, sozinha, silenciosa, enigmática e melancólica durante horas e horas, até que chega no asilo uma família.
Enfim, um pouco de vida e alegria espalha seus esporos naquele lugar cinza.
Mas a família veio visitar um carismático senhor, o mais novo do asilo, que os recebe com um apertado abraço e um largo sorriso.
Alguns minutos se passam até que uma garotinha sai do aglomerado familiar e nota a velha solitária.
Com seu impulso infantil, corre até ela e observa-a com curiosidade, mas a idosa não parece notar a presença da inocência em sua frente.
A menina, então, pergunta:
- Por que você está aí desse jeito?
A velha, sem mudar de expressão, sem tirar os olhos do infinito, responde com uma voz porosa, rouca e desafinada pelo tempo:
- Porque aqui fui esquecida...
- Esquecida?
- Sim, uma velha árvore cujos frutos abandonaram há muito tempo.
- Ninguém vem te visitar?
- Não.
- Mas por quê?
- Ora, logo você também não virá mais visitar seu avô. Eu espero uma visita há muito tempo.
- Quem você está esperando?
- Tânatos. Estou esperando ela vir me buscar para me tirar deste lugar.
- Quem é ela?
- É alguém que todos neste lugar vêm para esperá-la. A única que nunca se esquece de ninguém, embora, às vezes, demore para chegar.
- Mas e seus filhos e netinhos?
- Bom, para muitos são os últimos que carregarão suas memórias, porque, depois, o fato de você ter existido, ou não, não faz a mínima diferença. Os meus já se esqueceram de mim. Eu não existo mais.
- Não entendi...
- Um dia você entenderá. Verá que, independentemente da vida que levou, das façanhas que fez, não passamos de uma brisa do mar.
- Mas tem um monte de gente que já se foi e a gente lembra delas até hoje.
- Do nome delas, apenas do nome delas. A pessoa que ela realmente foi é uma chama que está para sempre apagada.
A garotinha, confusa, sem entender direito as palavras que ouvia, sentia algo incômodo emanando daquela estranha mulher.
Então, um calafrio correu sua espinha e a fez voltar correndo para sua mãe.
Depois de contar o que havia acontecido, a mãe da menina se dirige à velha e pára em frente a ela, analisando-a em silêncio.
Passam-se talvez dois ou três minutos sem que nenhuma das duas diga uma só palavra, mas o gélido ar da velha começava a se tornar insuportável.
- A senhora...está bem?
- Os mortos aprisionados em carne viva nunca estão bem.
Aquelas palavras tumulares apertaram o coração da mulher.
Um sentimento estranho tomava conta dela, não era medo, não era dor, não era horror, não sabia o que era, fosse o que fosse, tomou seu corpo, seu fôlego e seus pensamentos.
Foi só depois de mais alguns minutos que conseguiu pronunciar algumas palavras.
- Seu silêncio...é tão...sepulcral...
Foi neste momento, neste único momento, que a velha mudou de expressão. Ela sorriu e disse:
- Se quiser, posso cantar um réquiem.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Esta imagem sim, vale mais que mil palavras.


Acho que isto explica muita coisa, seu glutão.





foto retirada de... bom, é só procurar no Google

À Lua



Poeta da noite

Poeta dos sonhos
Um poeta que se deixa levar
Pela correnteza do leite
Derramado sobre o manto negro

Sou um sonhador
Que colhe as estrelas que caem
E beija a boca celestial que sorri para o mundo
Um sorriso minguante de baunilha




foto retirada do site www.chemamadoz.com

Av. Surrealista



Série Luzes Paulistas - foto 6


Serena melancolia
Serenata melodia


Gotas de luz
Caindo na escuridão

O verdadeiro poeta é a lente
Eu só apertei um botão

Série Luzes Paulistas - foto 5


Rio de luzes
Meandros com semáforos
Montanhas de concreto
Árvores de aço

Série Luzes Paulistas - foto 4


Sobre seres padronizados
Padrões arquitetônicos

Beleza invisível aos condenados
Sob a peneira de ozônio

Hexágonos de uma colmeia
De abelhas sem rainha
De operárias arquétipas

Série Luzes Paulistas - foto 3


O fardo da miséria
Não pode voar rápido
Como os carros que viram luzes

Quem tem pressa
Tem pensamentos simultâneos
Não consegue focar em nada

O peso da miséria
O foco perfeito
O foco que ninguém vê

Série Luzes Paulistas - foto 2


Congelei a luz
Fantasmas urbanos
Monstros de vidro

Fiz ouvir o silêncio
Onde gritam sirenes
Ventos e motores

Série Luzes Paulistas - foto 1


Na noite paulista
Não há luar
Não há estrelas
Somente espectros de luz