quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pela terceira vez, cada um com seus problemas

600 mil dólares, motor V8, 647 cavalos de potência, de 0 a 100km/h em menos de 5 segundos e mimimi. É este lindo e potente carro que David usa para descer a Rebouças todos os dias na hora do rush.

Helena compra hambúrgueres vegetarianos da mesma empresa que faz hambúrgueres não vegetarianos.

Bruno não consegue passar entre os carros com sua Harley Davidson.

Por ser descolada, alternativa e diferente, Adelaide se veste igual a outras milhares de pessoas descoladas, alternativas e diferentes.

Feliz por andar, com sua bicicleta, mais rápido que David e Bruno no trânsito de São Paulo, Ivan morreu atropelado por um taxista.

Cleiton, que buscava fama em programas de auditório, teve finalmente seu valor reconhecido ao ganhar um Darwin Awards.

Janete diz ser designer, mas usa fonte Comic Sans.

O hobbie de Juca é ir a exposições de arte. A única coisa que ainda o incomoda na arte contemporânea é não conseguir compreender o significado de extintores de incêndio estrategicamente posicionados em todos os museus.

Sem ter onde dormir nem o que comer, Jonilson comete um crime leve todas as noites para dormir na prisão.

Laura gosta de receber apresentações em power point com imagens de campo de refugiados e crianças famintas para sentir que ela não está tão mal assim.

Geraldo só para sai do Second Life para cuidar de seu pefil fake no Orkut.

Bete imprime tudo em papel reciclado. A tinta que ela usa, porém, é altamente tóxica.

Bernardo trai sua esposa com uma boneca inflável. E ainda paga motel.

Vilma, para melhorar a vida de todos os cidadãos, passa a maior parte de seu tempo elaborando projetos de leis para nomes de ruas que ainda não existem e dias especiais que não serão comemorados.

Edgar acredita que Star Wars é o melhor documentário já feito até hoje.

Filó achava a vida dura e pulou da janela, mas teve sua queda amaciada pelo corpo de um transeunte. Hoje, faz dois anos que ela está presa por homicídio.




Nota: todos os personagens deste texto são fictícios, qualquer semelhança com a realidade (não) é mera coincidência.


terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Carequismo

O Carequismo é um movimento ecológico surgido durante uma conversa informal de duas pessoas cabeludas de saco cheio de vegetarianos com postura de crentes evangélicos na primeira década do século XXI.
O movimento defende um utópico mundo em que todos são carecas por livre arbítrio por todas as vantagens que isto traria à humanidade, e pretende convencer as pessoas pelos seguintes argumentos:
  1. Cabelo atrapalha. Prende ali, alguém puxa de lá, cai na cara, entra no olho, etc.
  2. Cabelo dá trabalho. Corte que fica estranho, tintura que desbota, chapinha que não pode molhar, precisa lavar, hidratar, secar, passar condicionador, cera, gel, creme, etc.
  3. Cabelo mostra a idade. Todo mundo quer esconder um fio branco. Se não tem fio branco (nem de qualquer outra cor), não tem o que esconder.
  4. Economia de água. Todo mundo sabe que cuidar das madeixas é o que mais gasta água durante um banho. Calculando uma média de 15 minutos de banho com cabelo e de 5 sem, o consumo de água cairia de 135 para 45 litros.
  5. Economia de tempo. Menos tempo no banho, menos tempo secando o cabelo e passando poções mágicas, menos tempo no cabeleleiro. Estima-se que haveria um ganho útil de pelo menos cinco anos de vida sendo careca.
  6. Menos substâncias químicas. Menor exposição a produtos químicos, garantindo melhor qualidade de vida e menos poluentes despejados nos rios e mares.
  7. Mais roupas ecológicas. Já há gente que faz tecido com cabelo humano. Não precisariamos de campanha do agasalho se todo cabelo fosse transformado em roupas.
  8. Solidariedade com os carecas. Os desprivilegiados geneticamente passarão a se sentir privilegiados.
Olha, isso poderia até ser uma boa idéia e traria melhorar significativas em termos ecológicos, mas está aqui de palhaçada. Você lendo isso deve ter pensado em uma dúzia de contra argumentos, mas a questão é que se você convencer um vegetariano a virar adepto do carequismo, por favor, me avise.
Se você não entendeu o nexo entre o carequismo e o vegetarianismo, procure-me mais tarde. 
E antes de qualquer equívoco, isto não foi o manifesto carequista, sou cabeludo e como picanha.