quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Vento


Um suave sopro que é todas as melodias, num movimento invisível, traz o perfume da saudade, que infla as velas de meu barco e me carrega em direção a alguma ilha desconhecida.
Não sei ao certo da onde vem nem para onde vai, mas conheço seu sentido quando passa por mim e não há nada mais agradável que respirar o vento.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Chuva


Na metrópole, todas as palavras inexistentes, não ditas e evaporadas estão caindo do céu.
Hoje, chove forte, e guarda-chuva nenhum consegue deter o torrencial de palavras.
Pela janela, olho as pessoas.
Estão encharcadas até os ossos.
Pelo espelho, me olho.
Estou com uma goteira nos olhos.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Escher


A campainha toca.
Uma pessoa vai até a porta.
Não tem olho mágico.
A campainha toca.
Ela pergunta em voz alta "Quem é?".
Não há resposta.
A campainha toca.
Ela olha ao lado da maçaneta.
Há uma campainha.
Ela toca.
Do outro lado, uma campainha toca.
Uma pessoa vai até a porta.
Não tem olho mágico.
A campainha toca.
Ela pergunta em voz alta "Quem é?".
Não há resposta.
A campainha toca.
Ela olha ao lado da maçaneta.
Há uma campainha.
Ela toca.

Ad infinitum.

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Hipótese 2:

A porta se abre para os dois lados.
Como se houvesse um espelho, a pessoa se depara com seu reflexo do outro lado da porta.
Ambas se olham em silêncio, compreendendo-se (a si) sem palavras.
Uma delas pegunta:

- Hum, não quer entrar?