Sábado, 13 de setembro de 2008, 18:03 - Notícias Terra
Desde o boom da internet, falsas notícias contaminam a rede. Correntes alertando coisas que não existem, blogueiros que inventam notícias que tentam se passar por verdadeiras e que usam falsamente o nome de grandes agências de jornalismo, boatos espalhados sobre morte de celebridades que estão saudáveis. Toda pessoa que utiliza a internet com frequência certamente já acreditou em algum boato criado por usuários da rede.
O perigo que aí reside é que, às vezes, o bom senso não é suficiente para discernir o confiável do falso, uma vez que sabendo se utilizar da linguagem jornalística e baseando os argumentos em fatos estatísticos ou em nomes de formadores de opinião, o autor da notícia consegue facilmente convencer o leitor de algo que nem sempre é verdadeiro.
Para se ter uma idéia da quantidade de falsas notícias na internet, pesquisas feitas pelo Instituto de Estatística e Gestão da Internet mostram que cerca de 72% das estatísticas que circulam em sites não confiáveis são inventadas.
O pior, porém, é que a rapidez e o baixo custo de comunicação oferecidos pela Internet têm gerado não só um infindável número de boatos eletrônicos repassados entre usuários crédulos. Grandes companhias também têm divulgado falsas notícias, as quais são vendidas como se fossem verdadeiras. Nas últimas semanas, sites como Yahoo, The Register, IDG News Service, The Standard Industry e outros foram "apanhados". As informações são do site InfoGuerra.No dia 15, o Yahoo noticiou que a Microsoft tinha admitido a existência de uma senha secreta em seus servidores IIS. A informação foi dada como uma descoberta recente. Além de não ser verdadeira, já tinha sido divulgada há mais de um ano (!) pelo Wall Street Journal.
O fato obrigou a Microsoft a publicar uma nota em seu site desmentindo a informação e apontando o que de real existe na história: uma vulnerabilidade do IIS, que não tem nada a ver com senhas secretas. A empresa também solicitou que o Yahoo retirasse a notícia do ar, no que foi atendida. Mas a página com o espaço vazio ainda pode ser vista.
Na primeira semana de maio, o site britânico The Register divulgou a história de que a BBC fora vítima de um hacker, o qual teria postado no site da conhecida agência uma falsa notícia sobre a morte de uma artista pop. Depois disso, a informação saiu no IDG News Service, The Standard Industry, SecurityNewsPortal e alguns outros.
Tudo não passou de um trote. Na época, InfoGuerra entrou em contato com a repórter de The Register, que admitiu que tinha sido enganada por um velho truque da Internet e havia cometido um erro básico em jornalismo: recebeu a informação de uma fonte e divulgou-a sem checar com outras. Posteriormente, The Standard Industry, um dos divulgadores do boato, esclareceu-o.
Alguém forjou uma página da BBC, usando um artifício do protocolo hipertexto para autenticação de senhas em sites protegidos. O diferencial é o sinal de arroba que normalmente passa a fazer parte do endereço, algo como http://nome_do_usuario:senha@www.nome_do_site.com. Aproveitando-se desse artifício, é possível criar uma falsa página, colocando-a no lugar do nome do usuário e utilizando o endereço de um site verdadeiro.
O truque pode ser visto numa hilariante página fictícia da própria BBC, que anuncia, com fotos, a trágica morte do coelho da Páscoa. Clique em http://news.bbc.co.uk!articles@3276960428/hi/english/uk/newsid/123456.htm para acessá-la (usuários de Mac devem clicar aqui).
Outro exemplo semelhante é o de uma página falsificada da CNN contando a história de um obscuro homem chamado Coby Santos, convidado para fazer parte do próximo filme de James Bond, ao lado de figurões como Pierce Brosnan, Anthony Hopkins e Catherine Zeta-Jones. A página foi criada em fevereiro deste ano e ainda está no ar. Clique aqui para vê-la.
No ano passado, um grupo humorístico espalhou o boato de que havia sido criado um servidor alimentado por batatas. Vários sites importantes caíram na pegadinha e publicaram a história. O site brasileiro Magnet, que teve a dignidade de se admitir entre os enganados, possui a matéria.
Como se vê, é muito fácil forjar notícias utilizando recursos tecnológicos trazidos pela Internet. E as empresas de comunicação, sempre ávidas por novidades, muitas vezes "vendem o peixe como lhes foi passado". Já que a Internet facilita o acesso à informação, é aconselhável usá-la também para checar as notícias, antes de divulgá-las.
Giordani Rodrigues
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