terça-feira, 10 de março de 2009

Elogio da Loucura


Praça da Sé, São Paulo, fim da tarde de uma data tão importante como qualquer outra.

Um mendigo anda em círculos com um livro de Heiddeger debaixo do braço enquanto monologa sobre Os Prolegomenos a Toda Metafísica Futura.
De vez em quando, ele pára, se joga no chão e anota alguma coisa em um caderninho, para logo em seguida se levantar novamente e retomar seu discurso de onde parou.
Com os olhos fixos no chão, ele interrompe sua análise sobre a obra de Kant quando tromba com um policial militar.
Desesperado, ele abraça Heiddeger com força e corre em direção à rua, onde é atropelado por um ônibus.
Ali, agonizando no meio do passeio público, ele sorri.
Está morrendo, e quer aproveitar ao máximo esta sensação única.

"Não há ser mais humano que o louco."

Pronunciou estas últimas palavras e morreu na contramão atrapalhando o tráfego.



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