sábado, 5 de maio de 2007

Indústria Cultural

A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente.

Os valores humanos são deixados de lado em troca do interesse econômico.

O que passou a reger a sociedade foi a lei do mercado, e com isso, quem conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida, talvez, conseguiria sobreviver; aquele que não conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida ficava a mercê dos dias e do tempo, isto é, seria jogado à margem da sociedade.

Nessa corrida pelo ter, nasce o individualismo, que é o fruto de toda essa Indústria Cultural.

Tudo se torna negócio.

Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais.

Um exemplo disso é o cinema.

O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação.

Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja, o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.

O homem não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto.

O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho.

Ganha um coração-máquina.

Tudo que ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia dominante.

A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica esclarecida, prepara as mentes para um esquematismo que é oferecido pela indústria da cultura – que aparece para os seus usuários como um “conselho de quem entende”.

O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher.

É a lógica do clichê.

Esquemas prontos que podem ser empregados indiscriminadamente só tendo como única condição a aplicação ao fim a que se destinam.

Nada escapa a voracidade da Indústria Cultural.

Toda vida torna-se replicante.





Texto adaptado de "Indústria cultural e sociedade"
de Theodor Adorno

Nenhum comentário: